sexta-feira, 16 de maio de 2008

Viagens

Já vai alta a noite,
vejo o negro do céu,
deitado na areia,
o teu corpo e o meu.

Viajo com as mãos
por entre as montanhas e os rios,
e sinto nos meus lábios
os teus doces e frios.

E voas sobre o mar,
com as asas que eu te dou,
e dizes-me a cantar:
"É assim que eu sou".

Olhar para ti
e ver o que eu vejo,
olhar-te nos olhos
com olhares de desejo.

Eu não tenho nada de mais p'ra te dar,
Esta vida são dois dias,
e um é para acordar,
das histórias de encantar.

Viagens que se perdem no tempo,
viagens sem princípio nem fim,
beijos entregues ao vento,
e amor em mares de cetim.

Gestos que riscam o ar,
e olhares que trazem solidão,
pedras e praias e o céu a bailar,
e os corpos que fogem do chão.

E voas sobre o mar,
com as asas que eu te dou,
e dizes-me a cantar:
"É assim que eu sou".

Olhar para ti
e ver o que eu vejo,
olhar-te nos olhos
com olhares de desejo.

Pedro Abrunhosa

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