"Dizia nunca esquecerei, e lembro-me. (...) Como eu, esperavam; não a morte, que nós, seres incautos, fechamos-lhe sempre os olhos na esperança pálida de que, se não a virmos, ela não nos verá. (...) E menti-te. Disse aquilo em que não acreditava... Disse vamos voltar para casa, pai... (...) Doía-me a vida que em ti se negava. (...) como se alguma coisa te pudesse devolver os dias. (...) E oiço o eco da tua voz, da tua voz que nunca mais poderei ouvir. (...) desse silêncio que calaste. (...) Lembro o que ensinaste, o que aprendi. (...) Vou. Avanço, avanço e regresso. E cada quilómetro, um mês; e cada metro, um dia. Avanço para o que fomos. Encontrei nas pedras deste caminho, no luminescente desta viagem, um espaço por onde entrei e acelero, onde cada quilómetro em frente é um mês que recuo. (...) Há os instantes que vivemos mil vezes juntos e que agora nascem sem nós e nos ultrapassam. (...) E espeta-se-me no peito nunca mais te poder ouvir ver tocar. Pai, onde estiveres, dorme agora. (...) Descansa pai. Ficou o teu sorriso no que não esqueço, ficaste todo em mim. Pai. Nunca esquecerei." José Luis Peixoto - Morreste-me
quarta-feira, 7 de abril de 2010
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